quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

De dibujos imposibles

Yo lloro con canciones, canciones de amor y de lucha. Canciones que vienen del alma, y van y vuelven de un alma a otra. Que se ahondan en mis recuerdos, revuelcan mis sentimientos, dan fuerzas a mis exigencias momentaneas, e explotan en lágrimas en mi cara.
Ya he llorando con muchas canciones. Algunas veces con pena de mí misma. Pero hoy lloré por pena de todo, pena de mí y de la gente. De este trabajo sin fin que es estar sintiendo todo. Lloré por mis amigos, por la gente que yo quiero y lucha conmigo. Por la persona que duerme a mi lado todas las noches, porque no les puedo ofrecer nada mejor que este mundo podrido.
No les puedo dibujar un arcoiris en la basura, no les puedo pintar un paisaje arriba del hambre. No les puedo hacer flotar mas allá de todas las incomprensiones, y brindar claridad a los que los rodean.
No puedo colorear la realidad de nadie, borrar todo el pasado/destino inglorio y feo.
No puedo traerles nada de eso, solo puedo darles la mano, ofrecer mi herida y sugerir que la compartan conmigo.






terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Explosão

Agora, aqui mesmo nesse momento, estou sentindo todas as dores do mundo. Todos os ódios, os descasos, as ignorâncias, as crueldades, os preconceitos, tudo está ao mesmo tempo (se sempre esteve), tudo amontoado, tudo de toda a gente, tudo desejando um próximo Big Bang. Uma explosão: Puuuuummmmm, e cada coisa toma o seu lugar. Cada coisa se coloca onde corresponde, se divide, se organiza, e sai como um cometa de mim.
Toda essa dor com gosto de grandeza, toda essa dor com cheiro de infinito. E então? Eu quero simbolizar toda essa bola desnivelada e mutante que aplasta minha alma. Esse novelo mal enrolado, que pouco a pouco se desfaz e só aumenta. Essa engronha, esse bolor, essa podridão que nasce todo o tempo, todo o tempo de todos os tempos. Todo esse mal que emana de dentro dos outros, todo esse esgoto das relações, toda coisa escondida e revelada, toda matéria e todo cartaz.
Toda essa desconsideração e esse mal-trato, esse ignorar sem limite, esse horizonte nefasto, esse futuro fracasso, e toda essa dor. Toda esse impotência e esse inalçancar de tudo, toda essa tentativa desesperada de consertar tudo o que jamais foi. Todos os séculos, todos os bilhões de anos de pura merda e de pura cegueira. Toda essa coisa que se chama vida, toda essa sujeira que se está produzindo e estão por produzir. Evitar? Como chegar no fundo? Como acender a luz? Como começar do princípio e apagar a memória? Por onde começar? Por onde eu começo a deslindar esse emaranhado? Onde quero chegar? Onde está exatamente toda essa angústia moral, esse não-mostrar, esse disfarce, onde começa? Onde termina? Termina? Essa coisa, esse troço, esse coisificação do indefinível. Essa imagem inventada, essa mentira incrivelmente construída de maneira tão claramente mentirosa. Onde está nossa culpa nisso tudo? Isso que mancha e não sai, isso que suja para parecer limpo, essa ignorância falsificada de sinceridade: ah, mas eu acho que sim. Vão pro diabo! “Eu acho que sim?! Porque sim?! Porque sempre foi assim?! Porque assim é melhor?! Vão pro diabo! Vocês sim, que tinham que armazenar com todo esse enxofre, vocês sim que tinham de sentir a invasão avassaladora dessa percepção do compasso de tudo. Vocês sim que tinham que juntar toda essa porcaria que espalham pela plenitude do espaço. Vocês sim que tinham que pagar pelo mal que vem fazendo e pelo bem roubado e vaidosamente, descaradamente e inescrupulosamente usufruído. Que ironia: aquele que destrói é o mesmo que não paga. Que ironia, eu aqui, juntando esses cacos, cortando a pele, rasgando as veias, que ironia eu aqui febril e incossolavelmente sozinha, arrancando os cabelos, espremendo o rosto entre as mãos, roçando a pele, mais e mais e mais e mais e mais. Presa, perdida, com toda essa coisa sem forma nas mãos, na cabeça, no corpo, com todo esse peso do universo inteiro no peito. Um peso sem medida, um peso invisível, uma antematéria, que –eu sei – já deixará de ser etéreo pra expandir, virar forma, conteúdo, conseqüência, sangue. Essa bobagem, a mais séria de todas, mais séria do que as coisas realmente sérias. Toda bobagem, quando levada a sério é mais importante do que qualquer coisa importante. Uma cacaria, um resto, um lixo, uma invenção absurda, uma vanidade e um despretígio. Aos poucos vai se tornando um ente, e se infiltra e fica, e se mostra, e toma conta. E onde se aloja? Por onde sanar?

Esta fala é sem fim e, tal qual o universo, se comprime e se expande. Se alarga e não se dissipa, visto que entende-se que este remorso é injustamente meu.