quarta-feira, 1 de agosto de 2012

João e Maria


Entro no quarto, e desde a porta o vejo deitado ali na cama, tão distraído com seus brinquedos. As bochechas rosadas, a roupa que comprei. Percebe a minha presença, candidamente ri. Faz-me um gesto, creio que me chama para que me aproxime. Deito-me ao seu lado. Estende-me os braços e o pego, o protejo, o cuido. Sinto a felicidade de seu corpo, sua inquietação. Tenho que vestir-me, abro o armário, ele vem engatinhando atrás de mim. Me segura pelas pernas, me chama. Vejo que ele precisa de mim.  
Sentado do lado esquerdo da cama, de frente para o guarda-roupa, com ela em meus braços. Acaricio sua pelezinha, delicada. Os olhinhos quase se fechando, de repente um sorriso. Olho-me no espelho do roupeiro, e a ela também, tão pequenina, tão indefesa. Levanto-me e caminho pelo quarto. Dou a volta na cama e paro em frente à janela, bailando com ela. Olhamos os dois este futuro que nos é desafiador e estimulante. Canto pra ela. Seu corpinho tão leve, a embalo. Contra mim a aperto, um perfume adocicado, fecho os olhos. Abraço-a, beijo-a, admiro-a.
Quando Maria e João se conheceram, foram morar juntos. Eles preencheram alguns espaços dentro do outro. Na sua intimidade, eles brincam de ser aquilo que lhes faltava.