sábado, 1 de outubro de 2011

8


Estamos sempre chegando, mas de costas pro mundo. 
É necessário observar. Não se trata de "enfrentar" a vida, porque essa palavra ( e palavras são tudo) sugere contrariedade, batalha, que por sua vez, sugere inimigo. 


É necessário olhar como uma criança encara o novo. É necessário manipular, ver de um lado, de outro, pensar nas infinitas possibilidades de cada instante.
Depois (e antes) é preciso resignar-se de que não há um "como", um "porquê", um “se”; porém sempre está o “enquanto”. Analisar o caos, isso sim, já que tudo é caos e -simultaneamente- previsível.

Tudo é o agora, o antes e o sempre. Tudo é fim e começo.
Tudo é tudo e nada, e ao mesmíssimo tempo.
Tudo é incompreensão, do começo ao fim. Tudo é um vazio completo que preenche e falta (e que desprovimento!).
Tudo está e não está. Tudo é e não é, tudo está sendo construído, aperfeiçoado, danificado, destruído, aniquilado, recriado... e ao mesmo tempo tudo sempre foi e sempre será.


Toda ingenuidade implica uma crueldade. E, inclusive, o inocente é absolutamente responsável de sua condição passiva e atuante.
Todo momento é uma efemeridade revolucionária.
Toda certeza é um erro, uma ilusão, e é perigosa.
Toda liberdade fica cerceada pelo medo da amplitude desmedida da mesma.
Toda palavra é vã, e sempre desvela -(in)voluntariamente- sua natureza individual e coletiva.
Todo discurso conecta para mudar nada além do que já estava em processo de mutação.
Toda a realidade é assombrosamente inexata.

O existir deveria ser a incoerente arte da afirmação e negação de um desconhecer definitivo e total.

Nenhum comentário:

Postar um comentário